segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Frente Contra o Aumento - Ato na Rodoviária



No dia 28 de janeiro, o GDF, propositalmente, pegou a todos de surpresa com o anúncio, ainda que não oficial, do aumento das passagens. No dia seguinte, nos reunimos e manifestamos em um terceiro dia seguido. Durante a manifestação tivemos uma aceitação popular muito grande e adesão de alguns usuários do transporte público que se encontravam na Rodoviária naquele momento. Éramos 11 e contamos com a chegada de mais 3, já no ápice, contamos com quase 50 manifestantes sendo, então, a maioria de populares. Uma adesão consideravelmente vitoriosa para as condições apresentadas.
Durante a manifestação, houve a presença de algumas entidades, espontaneamente, como foi o MPL e uma bandeirinha da UNE. É bem verdade que a participação de movimentos sociais conjuntamente sempre vão existir e é necessário e eficiente, quando não há richa ou racha entre os mesmos. No caso aqui presente, considerando principalmente o DF, deve ser lembrado que a população em geral, já não se identifica com as entidades que pormenores estão previstas no aparato legalista, muito menos com os movimentos sociais. Um agravante ainda é que os estudantes são vistos como casos à parte das demandas populares e, assim sendo, algumas circunstâncias devem ser modificadas internamente para que possa ter respaldo externo com os cidadãos. O passo mais importante é que se retire o partidarismo, seja qual seja, ou se intensifique a diversidade no movimento e que não deixemos que a sociedade nos veja como um movimento estudantil, pois, não o somos. Somos um movimento legitimamente popular que enquadra todos os setores e todas as classes que assim o desejarem e, para isso, devemos criar uma identificação comum, de massa e que atenda as demandas e anseios da população.
Algumas estratégias também estão batidas e devem ser ou reformuladas ou mudadas de vez, por não funcionarem desde o princípio ou principalmente por se tornarem ordinárias em todas as manifestações anteriores, repetitivas, perdendo a eficácia. Alguns gritos também, como "eu pulo a catraca sim" ou não interessam os cidadãos presentes ou simplesmente acabam por desinteressá-los da movimentação, pela falta de identidade, bem como alguns cartazes que forem feitos no dia, como "catracasso". São apenas dois exemplos que não interessam de maneira alguma à população, a não ser alguns estudantes e a visão de um movimento estudantil DEVE SER APAGADA.
Pelas disposições finais, ficamos então com a ideia de que a população está muito mais favorável hoje do que ontem, fato que pode ser apaziguado momentaneamente pelo não aumento (ainda) das passagens do ônibus tradicional e o fato de que o cidadão ainda não sentiu no bolso a diferença, e quando sentir, será a hora de aproveitar. Também, que devemos apagar a visão partidarista do movimento e principalmente a visão de ser um grupo estudantil, uma vez que o interesse é muito maior que apenas o estudante, envolve também outras categorias.

contato - frentecontraoaumento@gmail.com

foto: Eu

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Fantasmagórico

Pois é, sei que estou devendo um post, nem sei se alguém anda me lendo, acho que não... mas na dúvida... enfim, queria dizer que ainda não abandonei o blog apesar da pouca ou nula assiduidade... mas a proposta anterior, que a princípio veio como voz da revolta, acabou tornando-se um trabalho muito maior que o esperado, claro que também a princípio já era algo esperado, entretanto, ao começar a escrever, não consegui mais resumir a idéia e, conseqüentemente, para todos os efeitos, todas as vias abertas na discussão que estou preparando precisa de uma especificidade ainda maior.
De qualquer forma, gostaria de deixar a primeira discussão em aberto para que futuramente, espero eu que não demore tanto, possamos continuar na proposta anterior que também não foge a esta.

Os Partidos Políticos têm sua legitimidade pautada na sociedade ? A agremiação política pode ser revista também nos Partidos? Até que ponto, em sua essência e teoria absoluta, o Partido pode representar a sociedade?

Vamo deixar as opiniões aí galera!

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Críticas aos que menosprezam lutas de terceiros

É tão inconsciente e inocente creditar ao partido toda a validade de uma mudança social, seja ela uma revolução abrangente de toda uma forma de vida, seja ela uma revolução por "áreas". O mais fácil a se fazer hoje é delegar responsabilidades à terceiros e esperar que as coisas mudem de forma espetacular, para depois dizer que seu medíocre voto INdireto foi necessário para tal acontecimento. Doce viés, nada disso ocorrerá.
Após a ascensão e queda dos impérios do mundo bipolarizado, o liberalismo encravou, de uma vez por todas, em nossas almas, a triste precariedade na crença da chamada democracia. A propaganda liberal para a pluralização ideológica (é claro, em sua contrariedade, excluindo o marxismo) vigora ainda hoje na sociedade, inclusive entre a chamada esquerda.
Infelizmente, o evangelicismo marxista já trás muitos adeptos. Hoje, acreditam E creditam todo o aspecto da revolução num inútil partido que nada mais lhe convém como uma peça da máquina, e não fora dela. Quantos marxistas de fato sabem a realidade da luta de classes e não se atém simplesmente à politicagem e à pregação de votos via arenas políticas? Quantos marxistas de fato não se atiram à luta direta e deixam de lado as irreais ligações com os adversários políticos em torno de uma única acepção política? Muito poucos.
Hoje, tudo trata-se de militância PARTIDÁRIA, inclusive agrega-se movimentos sociais AUTÔNOMOS e sindicatos, que nasceram com a essência NÃO PARTIDÁRIA, aos partidos, seja de forma direta (como foi a CUT) ou seja de forma indireta ( como é o caso da Conlutas, que uma vez manteve-se totalmente desligada de partidos e hoje defende a PARTIDARIZAÇÃO dentro da organização, o que muitas vezes marginalizam a discussão do próprio proletariado ) e chega a firmar acordos com os próprios partidos, mediados por agentes do Estado. Hoje, em sua grande maioria, os marxistas deixaram a ação direta pra vivenciar somente arenas políticas.
Com tudo, ainda creio no bom senso da grande maioria marxista, ainda que com nossas diferenças, afinal de contas, somos adversários políticos mas não inimigos. Entretanto, já não é a primeira vez que, mesmo que defendendo grandes idéias e acepções marxistas, sou menosprezado ideologicamente por um alguém que deveria ser meu aliado, ao menos no plano social. Nos dizem ser poucos, e de fato não somos a maioria, e nem por isso devemos ser marginalizados e destratados e ainda assim, se somos poucos ainda somos boa parte. Nos dizem sem histórico prático, mas à todos esses, que relembrem grandes fatos da nossa história para não caírem na mediocridade da crítica, relembrem o anarcosindicalismo, por favor, e repensem no que fizeram, relembrem a Guerra Civil Espanhola quando fomos basicamente violentados, desertados pelos marxistas que supostamente pereceriam ao nosso lado, as greves gerais e tanto outros marcos.
Me desculpem os marxistas que não se encaixam no padrão, mas concordo com Lênin quanto ao aspecto tomado e que infelizmente continua igual, mas o que mais me preocupa,é a crença na chamada democracia do mundo liberal e isso meus caros poucos leitores, vem consumindo a grande esquerda atual e é um problema para todos nós, aqueles que somos e aqueles que não somos. Este pequeno texto é um prólogo do que se segue quanto à minha crítica à democracia e à alguns marxistas. Vou postar por tópicos os seguintes.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

A verdade ufanista

Prometo não transformar isso num blog de poesias, mas enquanto nada vem, desgostem-se com outra poesia minha...

A verdade ufanista

León e Juan têm a mesma idade
Moram em países diferentes, em suas cidades
Compartilham mesmos gostos
E têm as mesmas expressões em seus rostos
Todos os dias acordam bem cedo
E de seus futuros, têm medo
León é pedreiro
Juan é sapateiro
Por vezes sonharam em ser algo mais
Mas não puderam, optaram por ajudar seus pais
Ambas as casas faltavam energia
água, móveis e até comida
Trabalhavam duro para sobreviver
Bem ali, aos olhos de quem quer ver
Embebedavam-se aos fins de semana
Para novamente agüentar quem manda
Martirizados por seus respectivos patrões
Ainda tentavam se enquadrar em seus padrões
Praticamente viviam sob o mesmo karma
Até tinham, em suas cabeças, as mesmas armas
Todos os becos escuros que tinham que freqüentar
E a miséria que tinham que agüentar
Pensavam num mundo melhor e mais justo
Nem que para isso pagassem à alto custo
Assistindo ao noticiário, León ouviu seu presidente
Escutou que seu país, estava mal naquele presente
Também ouviu dizer que a culpa era dos estrangeiros
Aqueles que ficavam, ao se dizerem passageiros
Ao andar pelas ruas, Juan escutou um orador
Escutou os mesmos problemas com furor
Sua casa estava em seu pior momento
Assim, acatou as idéias em seu tormento
As bandeiras nacionais tornaram-se espadas
E as palavras de ordem, emaranhadas
A tensão correu ambas as terras
E a unidade se perdeu em ermas
Os excluídos dividiram seus gritos
E conglomeraram, em fileiras, seus filhos
Propagaram o ódio por outros, desconhecidos
Atacaram até os que não estavam envolvidos
As elites de seus países, conversavam
As massas, se degladiavam
Expulsavam de suas terras aqueles que nasciam ao lado
E que com nacionalidade diferente, carregavam o fado
Sem se importarem com a vivência de cada
Reduziram suas compatibilidades a nada
Esqueceram-se que independem da nação
Para serem iguais e terem a mesma razão
Pois a irrealidade das divisas
Não cicatrizam as iguais feridas
Da classe, que se alastra por todos os cantos
Que por dentre rostos imundos, escondem santos
De mãos calejadas e suor a gotejar
Que unidos parecem trovejar
Mas a distância física entre estes
Transformaram-os em aqueles...

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Mais uma poesia!

Nem bem postei a última intercalação de palavras e já tive vontade de postar outras novas! Estava conversando com uma amiga, a qual, admito, amo muito, e não é porque ela é linda, e me foi passado por ela, uma poesia de sua autoria, que eu gostaria de postar aqui para divulgá-la. Trata-se, antes de tudo, de uma reflexão como as coisas subjetivas e com entendimentos complexos, tornaram-se objetivas e de curto prazo, banalizando também seu significado intrínseco. Infelizmente não lhes darei o nome da autora!

Sobre amor e sexo

Chegou um tempo em que não têm-se mais tempo. Nos anos, auroras boreais, em que éramos virgens de pele e emoção, o amor era o ponteiro das horas. Chegou um tempo em que o relógio não é mais figurado, e tem os ponteiros apontados rigidamente contra o ser. Hoje conto nos dedos os sentimentos e sentidos que não passaram, que foram mastigados feito chiclete, bola de mascar sem o gosto açucarado da infância rebelde. Fomos ensinados a dar apenas com o prazer de receber e a numerar os fracassos emocionais como histórias ruins que se esquecem na estante empoeirada da memória gasta. Sinto falta do tempo sem horas, do tempo sem freios e aceleradores de intensidade. O amor ainda é desejado, perseguido, feito um cavaleiro andante sem face. O amor virou um Quixote, sinônimo da loucura, da luta de tentar fazer brotar um mundo que existe apenas naqueles que negam em aceitar o universo que os envolve e corrompe. Talvez, como disse o poeta, amar tenha resultado inútil. Chegou um tempo em que sobram utilidades, usos e desusos. Anos passaram e hoje o amor soa como sexo, e a pele como ornamento da alma (raiz fraca do ser).

domingo, 15 de junho de 2008

Poesia - Ricardo Gonçalves














Saudações aos velhos leitores, aos novos e possivelmente aos raros visitantes que vêm ao encontro de mais uma catarse social em mais uma singela madrugada que me ponho a escrever.
Estava lendo hoje, por páginas perdidas, culpa da minha triste e momentânea falta de tempo para interesses meramente particulares, uma poesia que encontrei no livro "Nem pátria, nem patrão: vida operária e cultura anarquista no Brasil" de Francisco Foot Hardman. A poesia está diretamente relacionada com o anarquismo no Brasil, não sei exatamente a época mas ao encontrar citados no livro Monteiro Lobato e Oswald de Andrade (para quem a propósito o autor clama "simpatias difusas e meramente intelectuais"), chutaria que está entre 1920 e 1930, talvez um pouco antes que a década de 20. O autor se chama Ricardo Gonçalves e além de poeta, era estudante de direito. Para referenciá-lo melhor preferi reescrever aqui parte de um parágrafo do livro:
"Não estamos falando diretamente, aqui, de literatura anarquista ou "operária". No caso da escrita macarrônica e da sátira política, trata-se de mediação de um punhado de escritores da classe média paulistana que, de certa forma, rompiam com os cânones literários bacharelescos."
Sem mais delongas, a poesia:

Rebelião

(...)Como um vago murmúrio,
Mansa a princípio, ela ecoa,
Depois é um grito bravio
Que pela noite reboa,
Que para a noite se eleva
Num pavoroso transporte,
Como um soluço de treva,
Como um frêmito de morte.

(...)Ah! Nesse grito funesto
Nesse rugido, palpita
Um rancoroso protesto.
É o povo, a plebe maldita
Que, sombria, ameaçadora,
Nas vascas do sofrimento,
Mistura aos uivos do vento
A grande voz vingadora

(...)E quando comece a luta,
Quando explodir a tormenta,
A sociedade corrupta,
Execrável e violenta,
Iníqua, vil, criminosa,
Há de cair aos pedaços
Há de voar em estilhaços
Numa ruína espantosa"

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Redução da jornada sem redução do salário


Outro dia, não muito distante deste, no qual posto mais um artigo, deparei-me com um artigo que propunha ao governo que se lançasse à uma nova atividade de trabalho, reduzindo a jornada sem reduzir o salário do trabalhador, assim, em turnos diferenciados, para que outras pessoas pudessem trabalhar "tendo acesso ao trabalho formal e uma remuneração melhor", seguindo as palavras de Vivaldo Moreira, autor do texto que pode ser encontrado no seguinte link:

http://www.conlutas.org.br/exibedocs.asp?tipodoc=noticia&id=1107

1. Redução da jornada

Até aí está tudo nos conformes. A minha opinião é a mesma e, particularmente, já estudei sobre o caso. A questão diferencial é que Vivaldo Moreira deixou claro em seu artigo que, infelizmente, falta argumentos objetivos para a proposta e que há uma discrepância com a realidade. O autor acabou afobando-se ao ignorar certos pontos do mundo contemporâneo, um mal comum que aflingi boa parte das políticas de esquerda hoje. Assim, considerando que sua proposta é reformadora e não revolucionária, devemos nos ater a tais pontos.
No artigo, especifica-se diversas manifestações e uma delas diz respeito à proposta da General Motors de gerar empregos doravante redução salarial. Esta é uma tática do mundo liberal e dos economistas ortodoxos para aumento de produção via depreciação do trabalho operário, e assim, atender a demanda afim de arcar com os lucros conseqüentes, em outras palavras, há um certo lucro, não fixo, porém com uma média constante com a qual, não se pode obter mais capital do que o adquirido num determinado espaço de tempo, e considerando este montante, há de se fazer um novo lucro, ainda maior que o primeiro, contratando mais empregados para aumento de produção e atendimento da demanda, o que faz com que a empresa arque com um déficit temporário na contratação destes, e para regular este déficit, afim de estabilizar as perdas, reduz-se o salário dos empregados mais antigos. Seguindo na explicação, revela-se a queda brusca de trabalhadores da GM em 30 anos, equivalente a 460 mil funcionários, que podem ser explicadas pelo infeliz crescimento tecnológico, entretanto, é bem verdade que a GM poderia continuar a pagar seus funcionários sem que houvesse uma perda absurda, resultado da ação capitalista.
Levantando esta bandeira, o autor outorga a luta pela redução da joranada, sem redução de salário tendo em mente os seguintes aspectos: o custo dos salários brasileiros é um dos mais baixos do mundo, o peso dos salários no custo total de produção é baixo, e o processo de flexibilização intensificou o ritmo do trabalho.
O custo dos salários brasileiros é inquestionavelmente um dos mais baixos do mundo, entretanto, considerando o Brasil, infelizmente este não é um motivo sem contra argumento pois, a federação brasileira conta com um aparato estatal hiperdimensionado e com gastos de alto nível. Considerando este hiperdimensionamento estatal, regulador das ações do país, como uma das maiores armas do Poder Executivo hoje, pode-se dizer que os gastos do Estado vão muito mais além do que se imagina e que, portanto, o aumento do salário mínimo ou a diminuição do capital obtido via produção, pode influir em declínio monetário exageradamente alto, já que, além do capital, não alimentar estes setores pode culminar na queda do poder regulatório do Executivo ou na perda de apoio político. De maneira geral, para um partido sério que assumisse o poder no Brasil, este seria um problema a ser passado.
Uma vez que os salários da classe são baixos, pouco pesarão no produto final da balança de pagamentos, no PIB ou onde preferir questionar. Não existe empecilho para tal assunto, uma vez que a economia nacional, passando ainda que por oscilações, vem passando por um bom momento e o capital absoluto tende a aumentar.
Quanto ao chamado processo de flexibilização da legislação trabalhista, hei de discordar da afirmação pois, a CLT, sendo a chamada principal arma do trabalhador, na verdade tem um efeito contrário. A cada ano são votados PL em relação às leis trabalhistas e muitas delas são aceitas, inchando o conjunto e criando uma regra para cada ato, inicialmente a favor do trabalhador, entretanto, lembrando os primórdios da sua criação no governo Vargas, vinculando-o ainda mais ao Estado, retirando-lhe a liberdade de luta, regulando cada indivíduo e apazigüando ânimos, o que diz respeito também as classes sindicais. Segundo o texto, este processo, especificado da década de 90, intensificou o ritmo de trabalho, porém, foi esquecido que em todos os cantos do mundo a intensificação do trabalho também ocorreu, advindo do próprio capitalismo. Os anos 90 foram os principais anos do início do capitalismo absoluto (de mãos dadas com o Liberalismo), considerando o final da Guerra Fria e os novos processos de integração dos Estados (como os blocos regionais), seguido do processo de pós modernização e também da globalização. Com estes critérios observados, deve-se lembrar que com mão-de-obra renovada e barata, nova corrida ecônomica, os processos de interdepêndencia entre Estados e principalmente com a expansão do mercado, e isto somado ao final desta década, as novas tecnologias, o aumento do poder aquisitivo das classes via adaptação do sistema de crédito e a expansão do comércio capitalista para as classes mais carentes, o ritmo de produção foi elevado afim de atender as novas demandas que aumentaram gradativamente.
Seguindo cronologicamente o texto, Vivaldo afirma que o prejuízo da proposta à competitividade internacional, argumentado pelos empresários, seria uma mentira. Considerando os argumentos citados à cima, devemos admitir que os empresários não estão mentindo, pelo menos a curto prazo. Ao empregar trabalhadores sem redução salarial, o tesouro nacional sofreria uma queda, uma vez que deveria fazer investimentos em várias áreas, administrativas e de execução sem lucro imediato; afinal de contas, contratar não é uma solução direta no capitalismo. Os gastos viriam de vários setores, inclusive relacionados aos financiamentos, gasto alto governamental. Com o tesouro reduzido, o investimento interno e externo, assim como a compra de produtos essenciais referentes à utilização dos novos trabalhadores contratados, principalmente na área rural, estaria ameaçada num país em que o gasto público é tão elevado e os sistemas de regulação típicos do Estado, em suas diversas áreas no país, estão sempre elevando suas demandas, podendo então, endividar-nos.
Com os aspectos mencionados anteriormente, a solução para este impasse seria de fato reduzir o tesouro nacional e botando como primeiro plano de governo a proposta, sempre investindo nas áreas necessárias. No primeiro momento, a dívida será inevitável e a inflação de custos conseqüente; assim como todo investimento, há as primeiras conseqüências. Ainda assim, existem saídas viáveis e já utilizadas pelo Brasil para tais fatos como aumentar a circulação de capital interno, produzindo inflação com espera de superação da mesma, através da elevação de aquisição de produtos. Por outro lado, o problema da dívida com o teto salarial e as demais seriam resolvidos à curto prazo, já que, expandindo os empregos a demanda estará também aumentando, o tesouro nacional voltará a crescer, uma vez que sobrando tempo ao trabalhador e não diminuindo seu salário, sem o aumento da carga tributária, conseqüentemente aumentando seu salário real, ele estará aumentando a circulação de moeda no plano interno conveniado com a ação dos órgãos vinculados. Com a redução da jornada de trabalho de 8 horas para 5 ou 6 horas, por exemplo, devemos lembrar que a produção ocorreria em maior quantidade, já que ao invés das 8 horas exemplificadas, para o Estado estariam sendo realizadas 10 ou 12 horas de produção. Ainda com o aumento da produção, deve-se lembrar que a exportação também irá crescer, principalmente se investida nos setores de acesso ao mercado internacional.

2. A mão-de-obra reserva

Contextualizado a situação da proposta e seus problemas e resoluções primárias, ainda resta definir uma situação bloqueadora do encargo de novas vagas trabalhistas. O capitalismo, que vem sempre se adaptando aos novos tempos, foi capaz de
instituir a chamada mão-de-obra reserva, que a grosso modo significa dizer que indivíduos estejem às margens da sociedade, uma vez que estejem também às margens da economia, para que sua posterior utilização, caso seja necessária, tenha um custo muito baixo.
A situação atual do trabalhador, como um todo e no mundo inteiro, principalmente nos países mais pobres, por obviedade, e na América Latina (residência de muitos desses países) é simplesmente famélica. Estes, que já estão empregados, sofrem com baixos salários e a falta de assistência social que lhes é devida, tanto por parte do Estado, quanto por parte dos monopólios privados. Ainda assim, não podem largar seus empregos para que se faça melhor ou para combater a própria alienação pois, há indivíduos desempregados que aceitarão situações ainda mais controversas que as primeiras como um salário ainda mais reduzido e menos assistência social e, por muitas vezes, patrões que influam em suas vidas pessoais.
Como um todo, a situação também é muito bem vista ao Estado, já que, a substituição da mão-de-obra barata pela substituição da mão-de-obra quase gratuita, equivale à lucros.
Devemos então nos ater à situação real e levantar a bandeira de que não acabaremos com o desemprego, mas sim, usando a proposta de redução da jornada, diminuiríamos o mesmo, pois, afirmar ao trabalhador que haveria emprego a todos seria alienar os mesmos e admitir que o sistema capitalista pode adaptar-se à sociedade em igualdade e a luta proletária seria reduzida à nada.
Dito as barreiras e especificados os problemas, todo o apoio à Vivaldo Moreira e o proletariado! Levantemos a bandeira da redução da jornada sem redução de salário!

Sujeito a mudanças certas.
Foto: Eu