quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Fantasmagórico

Pois é, sei que estou devendo um post, nem sei se alguém anda me lendo, acho que não... mas na dúvida... enfim, queria dizer que ainda não abandonei o blog apesar da pouca ou nula assiduidade... mas a proposta anterior, que a princípio veio como voz da revolta, acabou tornando-se um trabalho muito maior que o esperado, claro que também a princípio já era algo esperado, entretanto, ao começar a escrever, não consegui mais resumir a idéia e, conseqüentemente, para todos os efeitos, todas as vias abertas na discussão que estou preparando precisa de uma especificidade ainda maior.
De qualquer forma, gostaria de deixar a primeira discussão em aberto para que futuramente, espero eu que não demore tanto, possamos continuar na proposta anterior que também não foge a esta.

Os Partidos Políticos têm sua legitimidade pautada na sociedade ? A agremiação política pode ser revista também nos Partidos? Até que ponto, em sua essência e teoria absoluta, o Partido pode representar a sociedade?

Vamo deixar as opiniões aí galera!

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Críticas aos que menosprezam lutas de terceiros

É tão inconsciente e inocente creditar ao partido toda a validade de uma mudança social, seja ela uma revolução abrangente de toda uma forma de vida, seja ela uma revolução por "áreas". O mais fácil a se fazer hoje é delegar responsabilidades à terceiros e esperar que as coisas mudem de forma espetacular, para depois dizer que seu medíocre voto INdireto foi necessário para tal acontecimento. Doce viés, nada disso ocorrerá.
Após a ascensão e queda dos impérios do mundo bipolarizado, o liberalismo encravou, de uma vez por todas, em nossas almas, a triste precariedade na crença da chamada democracia. A propaganda liberal para a pluralização ideológica (é claro, em sua contrariedade, excluindo o marxismo) vigora ainda hoje na sociedade, inclusive entre a chamada esquerda.
Infelizmente, o evangelicismo marxista já trás muitos adeptos. Hoje, acreditam E creditam todo o aspecto da revolução num inútil partido que nada mais lhe convém como uma peça da máquina, e não fora dela. Quantos marxistas de fato sabem a realidade da luta de classes e não se atém simplesmente à politicagem e à pregação de votos via arenas políticas? Quantos marxistas de fato não se atiram à luta direta e deixam de lado as irreais ligações com os adversários políticos em torno de uma única acepção política? Muito poucos.
Hoje, tudo trata-se de militância PARTIDÁRIA, inclusive agrega-se movimentos sociais AUTÔNOMOS e sindicatos, que nasceram com a essência NÃO PARTIDÁRIA, aos partidos, seja de forma direta (como foi a CUT) ou seja de forma indireta ( como é o caso da Conlutas, que uma vez manteve-se totalmente desligada de partidos e hoje defende a PARTIDARIZAÇÃO dentro da organização, o que muitas vezes marginalizam a discussão do próprio proletariado ) e chega a firmar acordos com os próprios partidos, mediados por agentes do Estado. Hoje, em sua grande maioria, os marxistas deixaram a ação direta pra vivenciar somente arenas políticas.
Com tudo, ainda creio no bom senso da grande maioria marxista, ainda que com nossas diferenças, afinal de contas, somos adversários políticos mas não inimigos. Entretanto, já não é a primeira vez que, mesmo que defendendo grandes idéias e acepções marxistas, sou menosprezado ideologicamente por um alguém que deveria ser meu aliado, ao menos no plano social. Nos dizem ser poucos, e de fato não somos a maioria, e nem por isso devemos ser marginalizados e destratados e ainda assim, se somos poucos ainda somos boa parte. Nos dizem sem histórico prático, mas à todos esses, que relembrem grandes fatos da nossa história para não caírem na mediocridade da crítica, relembrem o anarcosindicalismo, por favor, e repensem no que fizeram, relembrem a Guerra Civil Espanhola quando fomos basicamente violentados, desertados pelos marxistas que supostamente pereceriam ao nosso lado, as greves gerais e tanto outros marcos.
Me desculpem os marxistas que não se encaixam no padrão, mas concordo com Lênin quanto ao aspecto tomado e que infelizmente continua igual, mas o que mais me preocupa,é a crença na chamada democracia do mundo liberal e isso meus caros poucos leitores, vem consumindo a grande esquerda atual e é um problema para todos nós, aqueles que somos e aqueles que não somos. Este pequeno texto é um prólogo do que se segue quanto à minha crítica à democracia e à alguns marxistas. Vou postar por tópicos os seguintes.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

A verdade ufanista

Prometo não transformar isso num blog de poesias, mas enquanto nada vem, desgostem-se com outra poesia minha...

A verdade ufanista

León e Juan têm a mesma idade
Moram em países diferentes, em suas cidades
Compartilham mesmos gostos
E têm as mesmas expressões em seus rostos
Todos os dias acordam bem cedo
E de seus futuros, têm medo
León é pedreiro
Juan é sapateiro
Por vezes sonharam em ser algo mais
Mas não puderam, optaram por ajudar seus pais
Ambas as casas faltavam energia
água, móveis e até comida
Trabalhavam duro para sobreviver
Bem ali, aos olhos de quem quer ver
Embebedavam-se aos fins de semana
Para novamente agüentar quem manda
Martirizados por seus respectivos patrões
Ainda tentavam se enquadrar em seus padrões
Praticamente viviam sob o mesmo karma
Até tinham, em suas cabeças, as mesmas armas
Todos os becos escuros que tinham que freqüentar
E a miséria que tinham que agüentar
Pensavam num mundo melhor e mais justo
Nem que para isso pagassem à alto custo
Assistindo ao noticiário, León ouviu seu presidente
Escutou que seu país, estava mal naquele presente
Também ouviu dizer que a culpa era dos estrangeiros
Aqueles que ficavam, ao se dizerem passageiros
Ao andar pelas ruas, Juan escutou um orador
Escutou os mesmos problemas com furor
Sua casa estava em seu pior momento
Assim, acatou as idéias em seu tormento
As bandeiras nacionais tornaram-se espadas
E as palavras de ordem, emaranhadas
A tensão correu ambas as terras
E a unidade se perdeu em ermas
Os excluídos dividiram seus gritos
E conglomeraram, em fileiras, seus filhos
Propagaram o ódio por outros, desconhecidos
Atacaram até os que não estavam envolvidos
As elites de seus países, conversavam
As massas, se degladiavam
Expulsavam de suas terras aqueles que nasciam ao lado
E que com nacionalidade diferente, carregavam o fado
Sem se importarem com a vivência de cada
Reduziram suas compatibilidades a nada
Esqueceram-se que independem da nação
Para serem iguais e terem a mesma razão
Pois a irrealidade das divisas
Não cicatrizam as iguais feridas
Da classe, que se alastra por todos os cantos
Que por dentre rostos imundos, escondem santos
De mãos calejadas e suor a gotejar
Que unidos parecem trovejar
Mas a distância física entre estes
Transformaram-os em aqueles...

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Mais uma poesia!

Nem bem postei a última intercalação de palavras e já tive vontade de postar outras novas! Estava conversando com uma amiga, a qual, admito, amo muito, e não é porque ela é linda, e me foi passado por ela, uma poesia de sua autoria, que eu gostaria de postar aqui para divulgá-la. Trata-se, antes de tudo, de uma reflexão como as coisas subjetivas e com entendimentos complexos, tornaram-se objetivas e de curto prazo, banalizando também seu significado intrínseco. Infelizmente não lhes darei o nome da autora!

Sobre amor e sexo

Chegou um tempo em que não têm-se mais tempo. Nos anos, auroras boreais, em que éramos virgens de pele e emoção, o amor era o ponteiro das horas. Chegou um tempo em que o relógio não é mais figurado, e tem os ponteiros apontados rigidamente contra o ser. Hoje conto nos dedos os sentimentos e sentidos que não passaram, que foram mastigados feito chiclete, bola de mascar sem o gosto açucarado da infância rebelde. Fomos ensinados a dar apenas com o prazer de receber e a numerar os fracassos emocionais como histórias ruins que se esquecem na estante empoeirada da memória gasta. Sinto falta do tempo sem horas, do tempo sem freios e aceleradores de intensidade. O amor ainda é desejado, perseguido, feito um cavaleiro andante sem face. O amor virou um Quixote, sinônimo da loucura, da luta de tentar fazer brotar um mundo que existe apenas naqueles que negam em aceitar o universo que os envolve e corrompe. Talvez, como disse o poeta, amar tenha resultado inútil. Chegou um tempo em que sobram utilidades, usos e desusos. Anos passaram e hoje o amor soa como sexo, e a pele como ornamento da alma (raiz fraca do ser).

domingo, 15 de junho de 2008

Poesia - Ricardo Gonçalves














Saudações aos velhos leitores, aos novos e possivelmente aos raros visitantes que vêm ao encontro de mais uma catarse social em mais uma singela madrugada que me ponho a escrever.
Estava lendo hoje, por páginas perdidas, culpa da minha triste e momentânea falta de tempo para interesses meramente particulares, uma poesia que encontrei no livro "Nem pátria, nem patrão: vida operária e cultura anarquista no Brasil" de Francisco Foot Hardman. A poesia está diretamente relacionada com o anarquismo no Brasil, não sei exatamente a época mas ao encontrar citados no livro Monteiro Lobato e Oswald de Andrade (para quem a propósito o autor clama "simpatias difusas e meramente intelectuais"), chutaria que está entre 1920 e 1930, talvez um pouco antes que a década de 20. O autor se chama Ricardo Gonçalves e além de poeta, era estudante de direito. Para referenciá-lo melhor preferi reescrever aqui parte de um parágrafo do livro:
"Não estamos falando diretamente, aqui, de literatura anarquista ou "operária". No caso da escrita macarrônica e da sátira política, trata-se de mediação de um punhado de escritores da classe média paulistana que, de certa forma, rompiam com os cânones literários bacharelescos."
Sem mais delongas, a poesia:

Rebelião

(...)Como um vago murmúrio,
Mansa a princípio, ela ecoa,
Depois é um grito bravio
Que pela noite reboa,
Que para a noite se eleva
Num pavoroso transporte,
Como um soluço de treva,
Como um frêmito de morte.

(...)Ah! Nesse grito funesto
Nesse rugido, palpita
Um rancoroso protesto.
É o povo, a plebe maldita
Que, sombria, ameaçadora,
Nas vascas do sofrimento,
Mistura aos uivos do vento
A grande voz vingadora

(...)E quando comece a luta,
Quando explodir a tormenta,
A sociedade corrupta,
Execrável e violenta,
Iníqua, vil, criminosa,
Há de cair aos pedaços
Há de voar em estilhaços
Numa ruína espantosa"

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Redução da jornada sem redução do salário


Outro dia, não muito distante deste, no qual posto mais um artigo, deparei-me com um artigo que propunha ao governo que se lançasse à uma nova atividade de trabalho, reduzindo a jornada sem reduzir o salário do trabalhador, assim, em turnos diferenciados, para que outras pessoas pudessem trabalhar "tendo acesso ao trabalho formal e uma remuneração melhor", seguindo as palavras de Vivaldo Moreira, autor do texto que pode ser encontrado no seguinte link:

http://www.conlutas.org.br/exibedocs.asp?tipodoc=noticia&id=1107

1. Redução da jornada

Até aí está tudo nos conformes. A minha opinião é a mesma e, particularmente, já estudei sobre o caso. A questão diferencial é que Vivaldo Moreira deixou claro em seu artigo que, infelizmente, falta argumentos objetivos para a proposta e que há uma discrepância com a realidade. O autor acabou afobando-se ao ignorar certos pontos do mundo contemporâneo, um mal comum que aflingi boa parte das políticas de esquerda hoje. Assim, considerando que sua proposta é reformadora e não revolucionária, devemos nos ater a tais pontos.
No artigo, especifica-se diversas manifestações e uma delas diz respeito à proposta da General Motors de gerar empregos doravante redução salarial. Esta é uma tática do mundo liberal e dos economistas ortodoxos para aumento de produção via depreciação do trabalho operário, e assim, atender a demanda afim de arcar com os lucros conseqüentes, em outras palavras, há um certo lucro, não fixo, porém com uma média constante com a qual, não se pode obter mais capital do que o adquirido num determinado espaço de tempo, e considerando este montante, há de se fazer um novo lucro, ainda maior que o primeiro, contratando mais empregados para aumento de produção e atendimento da demanda, o que faz com que a empresa arque com um déficit temporário na contratação destes, e para regular este déficit, afim de estabilizar as perdas, reduz-se o salário dos empregados mais antigos. Seguindo na explicação, revela-se a queda brusca de trabalhadores da GM em 30 anos, equivalente a 460 mil funcionários, que podem ser explicadas pelo infeliz crescimento tecnológico, entretanto, é bem verdade que a GM poderia continuar a pagar seus funcionários sem que houvesse uma perda absurda, resultado da ação capitalista.
Levantando esta bandeira, o autor outorga a luta pela redução da joranada, sem redução de salário tendo em mente os seguintes aspectos: o custo dos salários brasileiros é um dos mais baixos do mundo, o peso dos salários no custo total de produção é baixo, e o processo de flexibilização intensificou o ritmo do trabalho.
O custo dos salários brasileiros é inquestionavelmente um dos mais baixos do mundo, entretanto, considerando o Brasil, infelizmente este não é um motivo sem contra argumento pois, a federação brasileira conta com um aparato estatal hiperdimensionado e com gastos de alto nível. Considerando este hiperdimensionamento estatal, regulador das ações do país, como uma das maiores armas do Poder Executivo hoje, pode-se dizer que os gastos do Estado vão muito mais além do que se imagina e que, portanto, o aumento do salário mínimo ou a diminuição do capital obtido via produção, pode influir em declínio monetário exageradamente alto, já que, além do capital, não alimentar estes setores pode culminar na queda do poder regulatório do Executivo ou na perda de apoio político. De maneira geral, para um partido sério que assumisse o poder no Brasil, este seria um problema a ser passado.
Uma vez que os salários da classe são baixos, pouco pesarão no produto final da balança de pagamentos, no PIB ou onde preferir questionar. Não existe empecilho para tal assunto, uma vez que a economia nacional, passando ainda que por oscilações, vem passando por um bom momento e o capital absoluto tende a aumentar.
Quanto ao chamado processo de flexibilização da legislação trabalhista, hei de discordar da afirmação pois, a CLT, sendo a chamada principal arma do trabalhador, na verdade tem um efeito contrário. A cada ano são votados PL em relação às leis trabalhistas e muitas delas são aceitas, inchando o conjunto e criando uma regra para cada ato, inicialmente a favor do trabalhador, entretanto, lembrando os primórdios da sua criação no governo Vargas, vinculando-o ainda mais ao Estado, retirando-lhe a liberdade de luta, regulando cada indivíduo e apazigüando ânimos, o que diz respeito também as classes sindicais. Segundo o texto, este processo, especificado da década de 90, intensificou o ritmo de trabalho, porém, foi esquecido que em todos os cantos do mundo a intensificação do trabalho também ocorreu, advindo do próprio capitalismo. Os anos 90 foram os principais anos do início do capitalismo absoluto (de mãos dadas com o Liberalismo), considerando o final da Guerra Fria e os novos processos de integração dos Estados (como os blocos regionais), seguido do processo de pós modernização e também da globalização. Com estes critérios observados, deve-se lembrar que com mão-de-obra renovada e barata, nova corrida ecônomica, os processos de interdepêndencia entre Estados e principalmente com a expansão do mercado, e isto somado ao final desta década, as novas tecnologias, o aumento do poder aquisitivo das classes via adaptação do sistema de crédito e a expansão do comércio capitalista para as classes mais carentes, o ritmo de produção foi elevado afim de atender as novas demandas que aumentaram gradativamente.
Seguindo cronologicamente o texto, Vivaldo afirma que o prejuízo da proposta à competitividade internacional, argumentado pelos empresários, seria uma mentira. Considerando os argumentos citados à cima, devemos admitir que os empresários não estão mentindo, pelo menos a curto prazo. Ao empregar trabalhadores sem redução salarial, o tesouro nacional sofreria uma queda, uma vez que deveria fazer investimentos em várias áreas, administrativas e de execução sem lucro imediato; afinal de contas, contratar não é uma solução direta no capitalismo. Os gastos viriam de vários setores, inclusive relacionados aos financiamentos, gasto alto governamental. Com o tesouro reduzido, o investimento interno e externo, assim como a compra de produtos essenciais referentes à utilização dos novos trabalhadores contratados, principalmente na área rural, estaria ameaçada num país em que o gasto público é tão elevado e os sistemas de regulação típicos do Estado, em suas diversas áreas no país, estão sempre elevando suas demandas, podendo então, endividar-nos.
Com os aspectos mencionados anteriormente, a solução para este impasse seria de fato reduzir o tesouro nacional e botando como primeiro plano de governo a proposta, sempre investindo nas áreas necessárias. No primeiro momento, a dívida será inevitável e a inflação de custos conseqüente; assim como todo investimento, há as primeiras conseqüências. Ainda assim, existem saídas viáveis e já utilizadas pelo Brasil para tais fatos como aumentar a circulação de capital interno, produzindo inflação com espera de superação da mesma, através da elevação de aquisição de produtos. Por outro lado, o problema da dívida com o teto salarial e as demais seriam resolvidos à curto prazo, já que, expandindo os empregos a demanda estará também aumentando, o tesouro nacional voltará a crescer, uma vez que sobrando tempo ao trabalhador e não diminuindo seu salário, sem o aumento da carga tributária, conseqüentemente aumentando seu salário real, ele estará aumentando a circulação de moeda no plano interno conveniado com a ação dos órgãos vinculados. Com a redução da jornada de trabalho de 8 horas para 5 ou 6 horas, por exemplo, devemos lembrar que a produção ocorreria em maior quantidade, já que ao invés das 8 horas exemplificadas, para o Estado estariam sendo realizadas 10 ou 12 horas de produção. Ainda com o aumento da produção, deve-se lembrar que a exportação também irá crescer, principalmente se investida nos setores de acesso ao mercado internacional.

2. A mão-de-obra reserva

Contextualizado a situação da proposta e seus problemas e resoluções primárias, ainda resta definir uma situação bloqueadora do encargo de novas vagas trabalhistas. O capitalismo, que vem sempre se adaptando aos novos tempos, foi capaz de
instituir a chamada mão-de-obra reserva, que a grosso modo significa dizer que indivíduos estejem às margens da sociedade, uma vez que estejem também às margens da economia, para que sua posterior utilização, caso seja necessária, tenha um custo muito baixo.
A situação atual do trabalhador, como um todo e no mundo inteiro, principalmente nos países mais pobres, por obviedade, e na América Latina (residência de muitos desses países) é simplesmente famélica. Estes, que já estão empregados, sofrem com baixos salários e a falta de assistência social que lhes é devida, tanto por parte do Estado, quanto por parte dos monopólios privados. Ainda assim, não podem largar seus empregos para que se faça melhor ou para combater a própria alienação pois, há indivíduos desempregados que aceitarão situações ainda mais controversas que as primeiras como um salário ainda mais reduzido e menos assistência social e, por muitas vezes, patrões que influam em suas vidas pessoais.
Como um todo, a situação também é muito bem vista ao Estado, já que, a substituição da mão-de-obra barata pela substituição da mão-de-obra quase gratuita, equivale à lucros.
Devemos então nos ater à situação real e levantar a bandeira de que não acabaremos com o desemprego, mas sim, usando a proposta de redução da jornada, diminuiríamos o mesmo, pois, afirmar ao trabalhador que haveria emprego a todos seria alienar os mesmos e admitir que o sistema capitalista pode adaptar-se à sociedade em igualdade e a luta proletária seria reduzida à nada.
Dito as barreiras e especificados os problemas, todo o apoio à Vivaldo Moreira e o proletariado! Levantemos a bandeira da redução da jornada sem redução de salário!

Sujeito a mudanças certas.
Foto: Eu

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Mais uma "poesia" ...

Saudações aos perdidos que se encontram no meu blog pela raridade.
Enquanto continuo com meu atual artigo que, espero eu, em breve estará a disposição também aqui, tomei a liberdade de escrever uma poesia baseada, não só na existência como um todo da "nova moral" liberal como também na podridão do pensamento humano de muitos que me cercam, amigos ou não, principalmente os que não são, mas admito que me vejo muito decepcionado com alguns que se fazem presente na minha vida.

Moralidade Social

Na sociedade viril, enferma, mascarada
só as párias vivem de alma lavada
Todos os dias, os mesmos, sonham sem esperança
e a descrença na humanidade, já se faz a herança
Pois, a hipocrisia que me asola
é a mesma que a tua moral esfola

Eis que estruge, ao longe no pântano urbano
a torpe sirene do raiar tirano
Matemos, por favor, alguns desempregados
que o mercado, que se regula, está congestionado
Nada mais justo para quem da revolução se retém
o ímpeto da morte que te convém

Tá que a taquicardia já tornou-se rotineira
afim de regular o nosso amálgama que devaneia
E o futuro não se reestrutura em analepsia
já que não satisfaz o presente, o passado em anartria
Sociedade bela, livre de temores
indivíduos martirizados, banhados de tumores

Cada olhar das pessoas que te cerca
deprimem inúmeras razões na alverca
E entre brados dos menos afortunados
tornam-se presente esforços espasmados
Mergulhando em rios da perversa exatidão
que com vãos se poetrifica pela perfeição

Nada mais banal que a cultura obsoleta
que lhe recai a mais bela vendetta
Que no alvorecer das eras
lançam-se possibilidades em terras ermas
Taxada de hipocrisia, já não vem tão cedo
toda a coragem que se retrai em medo

E a barreira que deixa surda a histeria
se confunde com o sono da apoplexia
E de uma só vez a sociedade te rebaixa a réu
como se te cortasse a garganta com fel
Ao final reflete à fúnebre cerimônia
e degusta covardemente a acrimônia

Silenciosamente torna-te íntimo da última canção
com a qual te entrega o coração
Lembrando um dueto amoroso mórbido
enterrando assim, o valor do sentimento apócrifo
No momento em que mais nada faz sentido
E nem os olhos de terceiros tornam-se ressentidos

É a hora que a podridão te consome
e nada mais clama pelo teu nome
E que cada palavra que foi pronunciada
acumúla-se na perdição da hecatombe anunciada
Ferindo pela última vez
a sociedade em toda a sua altivez


As vezes só consigo me expressar nesse assunto com um lirismo altamente condenável, mas pelo menos assim pude de alguma forma trazer à tona isso... hehe

sábado, 22 de março de 2008

Luta de Classes

Depois de meses e meses sem inspiração... continuo sem inspiração. Portanto, para não deixar o blog morrer e dar uma forcinha pra que ele continue como morto-vivo, estou postando um conto que escrevi algum tempo atrás com a minha pseudo-inspiração da época (quem me dera tê-la de volta).
O texto é uma discussão entre dois homens de classes absurdamente discrepantes, clichê total, eu sei, mas acho que nesse caso veio de bom grado, mas quem decidirá será a consciência de vocês né, afinal de contas, quem sou eu diante de uma boa crítica?
Sem mais delongas...

A Luta-de-Classes

Passava um homem engravatado, de inteligência aparente, certamente boa vida e certamente com uma família bem estruturada. Ao deparar-se com um mendigo na rua, disperso, olhando para o chão com o rosto entre as pernas, agachou-se ao seu lado e durante uma fração de segundos olhou-o com ternura, balançando a cabeça negativamente e logo em seguida abaixando-a como um último cortejo da póstuma esperança.

- O que é isto? – Questionou o mendigo.

- Uma ajuda meu amigo, temos que ajudar os mais necessitados. – Retrucou

- Qual a sua idéia de necessidade?

- Só ajudo aqueles que não tem seu sustento, aqueles que não moram e se atiram ao relento.

- É o que sou para você? Um miserável prestes a morrer?

- Eu não disse isso, caro amigo...

- Sou apenas um número na rua que mostra a sua verdade nua, aquela que tenta esconder a realidade que você não quer responder? Tira das suas costas o peso da degola, pois não se considerando culpado se inocenta do passado e se abstém da luta que estupra como sua puta!

- Não me venha com um póstumo passado, o qual retomo como um cálice escarrado! Escarrado por vocês e ninguém mais! Caem no mesmo erro e assim refaz!

Então, começa-se a formar a multidão de olhos curiosos.

- Não erramos, não acertamos, fomos formalmente condicionados a submissão, reiterados da nossa condição. Se somos pobres como eu, fadados à morte de quem se comprometeu, se como eu somos paridos da pátria, não somos parte da sociedade apátrida, se somos como você afortunado, então desfrutamos do patronato! – Continua o mendigo.

- Papo de vagabundo! Bêbado e imundo! Se dos pingos de meu suor construí minha fortaleza, é porque me esforcei com toda a certeza! Levante deste chão e lhe darei a minha mão, procure um emprego e desfaça seu receio!

- Oras, a sua escatologia é vazia! É como os pilares de uma sociedade caída! Parece mais a autofelação ilógica de uma falida sociedade retórica!

- Sua ignorância praticamente me engasga, é o tipo de pensamento que se castra! Temos um sistema que não se desfaz com palavras efêmeras! Constituído de regras e leis da inteligência de homens que assim o fez!

- Inteligência de homens que assim o fez? Só recai sobre a sociedade sua altivez!

- Altivez é daqueles que se abstém do trabalho! Assim como você tornam-se obstáculos! Infrutífero, incrédulo e, portanto irrelevante! De idéias inúteis e obstantes! Não vem na sua cabeça o quanto você deve ao Estado? Ainda vive porque ele o mantém e, portanto, é o seu legado!

- Ainda vivo porque lutei por isso, enfrentei a violência, a miséria e o egoísmo! Não vai ser um homem como você que me deixará pronto para morrer! Seu aparente sucesso não me intimida, burguês! Porque de suas palavras, somente insolidez! Como esperava que eu fosse, não sou completo ignorante! Já você, como eu esperava, é um completo arrogante! A sociedade burguesa continua criando os servos do fascismo que um dia foram ermos!

- Fascismo? Uma desculpa irreal da típica ilusão social! Não se engane com a idéia do Estado, pois sua condição atual está intimamente ligada ao seu fracasso!

- Fracasso? Não considera a idéia de um homem, fora do seu padrão social, não passar fome e não ser um animal irracional?

- Não me difame vagabundo! Tenho mais andaimes que você no mundo!

- Vagabundo é o acomodado nas tetas do sistema! Produzindo assim uma sociedade enferma! Não venha me julgar pelo que você não sabe, bem entende que a sua moral aqui não cabe! Promove a exploração em favor da mais-valia e estanca a revolução que se encaminha! Aprisiona o direito à vida e a liberdade de quem com ela lida! Ao impedir a sociedade justa e livre, você dá às pessoas uma nova crise!

- E por quê colhões eu atrapalharia esta sociedade?

- Pelo óbvio! O senhor está estritamente ligado à condição sistemática que transforma os seres humanos em seus próprios inimigos. Condimentado pela sua renda mensal privada que traduz o porquê dos pobres feridos!

- Pobres feridos ou pobres vencidos? Traduz a sua realidade que suas palavras não condizem com a verdade! A chance é igual para todos, mas quem aproveita são poucos!

- Como espera que as párias vençam na sua irreal pátria? Vocês detêm o poder da infra-estrutura a qual então reformulam a superestrutura! É fácil então os acomodados trazerem a tona discursos camuflados! A educação, a saúde e a informação não chegam pros miseráveis de sua nação! Somos as peças renováveis e substituíveis da máquina! Trabalhando com nossas vidas para a sua solução mais rápida! Enquanto vocês sentam em completo ócio e se apropriam do que, por direito, é nosso!

- Nosso? Não ironize todo o processo de formação social, pois já sabe, está fora do contexto processual! É óbvio que as propagandas mentirosas e torturas do século passado em você ainda perduram! Pena de você tenho eu, uma vez que seu futuro devaneceu!

- Meu futuro? Que absurdo! Abstenho-me do mal da sua mente que se aproveita de minha gente! Propositalmente me mantenho fora dos seus padrões e você me diz que não tenho futuro? Todos os dias luto contra os seus patrões e você me torna um vagabundo?

- Vagabundo é porque assim o quis! E nem de longe porque assim o fiz! Sabe bem que sua performance hoje em meio à multidão não passa de uma falácia de sua solidão! Esconde entre seus dentes podres o mau cheiro de suas frases aniquiladoras do sistema harmonioso dando à sociedade um status de cadáver decomposto! Mendigo, você trata sua mente assim como seu corpo, imundo, podre, incorporando o próprio nojo!

- Todo mendigo há de ser impróprio pra sociedade? Todo miserável está fadado à mediocridade? Que moral de igualdade é esta que você desfruta? Hierarquizada e de fragmentação confusa?

- De uma sociedade extremamente organizada, a fim de fazer crescer a pátria estruturada!

- Então julga que suas palavras são de verdades inestimadas e que seus condescendentes nada têm a fazer quando expropriadas?

- Se expropriadas são, tem algum motivo. Então por que ser nocivo?

Percebendo a aproximação de dois policiais militares, o mendigo aproveita a chance para dizer algumas palavras a mais:

- Porque a justiça e a liberdade não caminham juntas em irmandade! Pessoas são injustiçadas por conta da coerção de seu Estado! Abaixam a cabeça para homens fardados! Triste irrealidade que faz parte da realidade!

- É só a lei de sua pátria a qual para você não é nada!

- Não é e nunca haverá de ser! Minha pátria é o mundo com muito prazer! Porcos fardados subjugam os humilhados!

- Não se prejudique infeliz!

- Infeliz é sua pátria meretriz!

- Então de uma meretriz é filho!

- Abandonado e parido!

- Hipócrita ingrato!

- Excelente fardo!

- Agora enlouqueceu...

- A sanidade que remanesceu!

- Vamos homem, não crie mais problemas... – Um dos policiais.

- Fascista! – Grita o mendigo resistindo à prisão e com uma voz um pouco rouca

- Sou um homem honesto, livre de seu infesto! Suas palavras insanas são fortemente ardorosas que sua garganta se desfaz em contradições argilosas!

- Considere-me louco, censure-me rouco!

O homem engravatado fixou seu olhar dentro dos olhos do mendigo que gritava coisas que já não entendia mais. Olhou-o enquanto a polícia o retirava a força do local. Ao perceber os outros olhares que o crucificavam, envergonhou-se e pôs-se em seu caminho cabisbaixo.